Roubo de cargas no Rio de Janeiro
Entorno das avenidas Brasil e Automóvel Clube e da Via Dutra concentra 25% dos roubos de
carga no Estado do Rio de Janeiro
A área, na comparação com o tamanho do estado, é pequena: são 78 quilômetros quadrados, 0,18% do total. Ainda assim, o entorno do entrocamento entre a Rodovia Presidente Dutra, a Avenida Pastor Martin Luther King Júnior (antiga Automóvel Clube) e a Avenida Brasil concentram um em cada quatro (24,3%) roubos de carga registrados no Estado do Rio no ano passado, como mostra um relatório do Instituto de Segurança Pública (ISP). Essa espécie de “Triângulo das Bermudas”, onde os produtos transportados somem nas mãos de criminosos, abrange bairros como Acari, Barros Filho, Costa Barros, Parque Colúmbia e Pavuna, todos na Zona Norte da capital e circundados por algumas das favelas mais violentas da cidade.
— É uma combinação de três fatores. Primeiro, a questão de logística, porque é uma região importante sob o ponto de vista viário. Depois, vem o fato de muitas empresas já estarem instaladas ali. Por fim, existe a proximidade com áreas conflagradas, o que facilita a ação dos bandidos — explica o delegado Marcelo Luiz Santos Martins, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Carga (DRFC).
Na lista de vias mais perigosas para as transportadoras, além das três já citadas, aparecem ainda a Rodovia Washington Luís, que liga o Rio a Petrópolis passando pela Baixada Fluminense; a Estrada do Camboatá, que vai de Costa Barros a Deodoro; e o Arco Metropolitano, também na Baixada. Considerando só os meses de janeiro a agosto de 2015, a partir dos casos em que o valor da carga consta no registro (pouco mais da metade), o ISP estima o prejuízo total em cerca de R$ 75 milhões.
Desde dezembro, uma resolução da Secretaria de Segurança determinou que apenas casos envolvendo valores acima de 120 salários mínimos (R$ 105.600) seriam investigados pela DRFC, com o intuito de otimizar o trabalho da especializada. No que diz respeito às estatísticas, contudo, a medida parece ter surtido pouco efeito até agora.