“Guarda montada” para enfrentar um inimigo cada vez mais poderoso
Roubo de cargas: em meio a uma realidade nacional séria e inquietante, um alento para nós, capixabas, pois estamos tendo a chance de noticiar redução de casos.
Roubo de Cargas. Não bastassem todos os itens que envolvem a movimentação e o transporte de cargas – da contratação do frete à entrega da mercadoria, passando por planilha de custos, monitoramento do tempo de direção e de descanso dos motoristas, dentre outros detalhes –, um novo personagem, o roubo de cargas, se infiltrou na rotina das transportadoras. E exigiu mais atenção, doses extras de sorte, mudança de comportamento e perspectivas, tanto por parte dos empresários quanto por parte dos motoristas.
Não dá mais para fugir do tema. Embora a Região Sudeste responda por grande parte das ocorrências – mais de 84% – o problema atinge de norte a sul do País. O roubo de cargas causou um prejuízo superior a R$ 6,3 bilhões, entre 2011 a 2016. Foram 103.900 casos registrados no período, segundo dados de um estudo feito pela NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística). E chama a atenção o boom das ocorrências nos dois últimos anos. Segundo a pesquisa, em 2016 foram 24.550 ocorrências contra 19.250 do ano anterior. Um aumento de 27,5% que pode ter sido puxado pela situação delicada que o Rio de Janeiro vive desde 2014.
CONSEQUÊNCIAS DO ROUBO DE CARGAS
O roubo de cargas, em si, é motivo de preocupação, pois impacta na segurança, com reflexos na economia e no abastecimento das cidades. Mas temos, ainda, aquele que consideramos “o” grande problema desse tipo de delito: a receptação e posterior venda dos produtos roubados. E se hoje temos um mercado de comercialização de produtos ilícitos forte, devemos, em parte, ao furto e roubo de cargas. Um negócio que envolve quadrilhas especializadas e que é considerado um nicho de fácil distribuição e bastante lucrativo.
Em 2011, nós já tínhamos um cenário nebuloso. Naquele ano, 13 mil ocorrências foram registradas no Brasil. E de lá para cá, o que mudou foi para pior. Os registros só cresceram e passaram a exigir medidas institucionais e convergência de esforços para seu enfrentamento. Não foi, portanto, uma coincidência eventos temáticos começarem a surgir e jogar cada vez mais luz no assunto.
CENÁRIO LOCAL
E no meio de uma realidade nacional séria e inquietante, um alento para nós, capixabas, pois estamos tendo a chance de noticiar redução de casos. Segundo dados da Delegacia de Combate a Roubos de Cargas, em 2017 foram 57 ocorrências contra 86 no ano anterior. Aí, você pode me perguntar: qual o segredo desta “realidade paralela”? A resposta: temos um trabalho, já consolidado, que possui dois braços, prevenção e integração.
Desde que os casos de roubos e furtos de cargas começaram a crescer vertiginosamente, passamos a trabalhar com foco na antecipação dos fatos. E contando com uma gestão integrada, que envolve iniciativa privada, forças policiais e serviço de inteligência. Juntos, temos um compromisso, que é o de evitar que as ocorrências voltem a crescer. Some-se a isso outro detalhe: o Espírito Santo foi o primeiro Estado a criar, em 2006, uma lei estadual de combate à receptação de cargas roubadas (Lei 8.246). Em abril do ano passado, através da Lei 10.638, novas disposições ampliaram as hipóteses de punição ao contribuinte que praticar o crime de receptação de cargas objeto não só de roubo, mas também de furto ou de estelionato.
Ou seja, vivemos uma situação um tanto privilegiada mas ela não é motivo de acomodação. Continuamos fazendo nosso dever de casa e continuaremos “montando guarda”, pois nosso inimigo está cada vez mais poderoso.
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